Sétima Arte: Eles não usam Black-Tie

Hoje estreia a coluna Sétima Arte, a proposta é que a cada semana, em especial nos dias de sábado, nós possamos bater um papo sobre Cinema, sobre filmes que de certa forma tenham relevância dentro de um contexto transformacional, sobre o Brasil, sobre a Bahia, sobres os variados filmes estrangeiros, enfim, que possamos discutir sobre as diversas possibilidades que o cinema pode exprimir em um roteiro, imortalizando grandes figuras artísticas e intelectuais.
Naturalmente, queremos que todos possam também escrever críticas a respeito de filmes clássicos ou modernos, convido todos a se apossarem desse espaço de debate franco e aberto.

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Eles Não Usam Black-tie é um filme brasileiro de 1981, dirigido por Leon Hirszman, com fotografia de Lauro Escorel e baseado na peça homônima, de Gianfrancesco Guarnieri.

Sucesso de bilheteria, o filme conta a história de uma casal de namorados, Tião (Carlos Alberto Riccelli) e Maria (Bete Mendes), que ao saber que irão ter um filho, resolve se casar. Com muita esperança planejam uma nova vida para que possam dar de tudo à criança que vai nascer. No entanto, um movimento grevista estoura na fábrica onde eles trabalham em São Paulo e a felicidade dos dois começa a desmoronar.

Esse movimento divide os operários da fábrica. Pensando no casamento e no bem-estar do casal, Tião decide furar a greve e continuar trabalhando, entrando em conflito com seu pai Otávio (Gianfrancesco Guarnieri), o líder do movimento, um sindicalista preso nos tempos do Regime Militar.

O filme mostra o contraste entre os personagens, enquanto o pai Otávio esteve preso, o filho Tião foi criado pelos padrinhos. O pai sempre foi solidário com a classe, enquanto o filho é individualista e seu objetivo sempre foi subir na vida.

Tem conotação política mostrando a transição da época da ditadura e o começo da democracia, no inicio dos anos 80, e temáticas sociais como o sindicalismo e organização da classe operária. O filme traça também um panorama neo-realista das favelas brasileiras e aponta o abismo social existente entre periferia e burguesia nos grandes centros brasileiros, fazendo crer que esta distância tinha mais a ver com caráter (ou a falta dele) do que com fatalismo socio-econômico.
Ainda trabalha no filme Fernanda Montenegro fazendo a personagem Romana, esposa de Otávio, uma mulher deslumbrante que zela por todos, uma mistura de afeto e autoritarismo. Fazendo jus a uma característica marcante do filme: onde os homens dependem das mulheres.

O filme foi premiado no Festival de Veneza, na Itália, com o Leão de Ouro, o Fipresci e o Grande Prêmio Especial do Júri; no festival de Havana (Cuba) com o Prêmio Grand Coral e pela Associação Paulista de Críticos de Arte, Gianfrancesco Guarnieri recebeu o Troféu APCA na categoria de “Melhor Ator”.

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